Quando você deseja uma coisa em vez de outra, ou quer se tornar um tipo de pessoa , mas não outro , você pode pensar que essa é sua preferência pessoal . Uma explicação psicológica do comportamento humano argumenta que muitas vezes não temos ideia do que queremos e, portanto , apenas imitamos os outros. Bem-vindo à teoria mimética .
A teoria mimética é a ideia de que existem realmente apenas dois lados do desejo humano . Os desejos físicos são nossos anseios por utilidade, o valor intrínseco dos objetos. Os desejos metafísicos são o nosso anseio por identidade. O que os objetos podem dizer sobre nós? Se estiver com fome , você pode querer comer qualquer coisa para satisfazer uma necessidade física , ou pode querer comer fora ; nesse caso , você pode escolher um lugar que reforce sua autoconcepção , sua identidade e a pessoa que você deseja se tornar.
Em outras palavras, você quer satisfazer seu desejo metafísico . René Girard, o filósofo francês que estabeleceu a teoria, argumentou que a maioria dos nossos desejos são metafísicos e chamou- os de miméticos porque os imitamos das pessoas que nos rodeiam . Imitamos os outros porque ansiamos pelo seu reconhecimento , esperando que eventualmente nos tornemos um ser elevado que será lembrado , de preferência para sempre .
Contudo, como este ideal é tão abstrato e tão difícil de alcançar , tomamos atalhos e fazemos associações com objetos e modelos que pensamos já terem alcançado este estatuto . E assim os nossos desejos e princípios morais mais profundos estão fundamentalmente ancorados em modelos e nos objectos, valores e cultura a eles associados . Na escola , queremos usar o que as crianças descoladas usam e , pela mesma lógica , nunca queremos parecer excluídos da sociedade .
Este anseio comum a favor e contra certos modelos levanta uma questão fundamental: teremos de facto alguma autonomia se simplesmente quisermos o que os outros querem? Nossas decisões não são verdadeiramente nossas e estamos longe de ser independentes em nosso comportamento . O individualismo é uma mentira formidável , escreveu Girard , e isto leva a um problema. A relação entre sujeito e objeto se desdobra por meio de um modelo , também chamado de mediador, que deseja as mesmas coisas.
Eventualmente, isso pode levar à rivalidade entre sujeitos e mediadores, especialmente se eles começarem a se imitar . E como ambos não gostam da ideia de que não podem ter o que desejam , procuram uma vítima a quem possam responsabilizar . Como resultado , unificam os seus desejos imitativos em torno da destruição de um bode expiatório acordado , até ao ponto em que essa pessoa é escolhida , expulsa ou morta.
Depois de a ordem social ser restaurada e as pessoas estarem felizes por terem resolvido os seus problemas, o ciclo recomeça . O que você acha ? Girard estava certo? E estamos todos presos em sociedades que nos dizem quem deveríamos querer ser ? Ou temos os nossos próprios desejos independentes que vão além da nossa necessidade de comida e abrigo.